segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Noventa e cinco anos de Mami*

Regozijai-vos sempre! Essa é uma das frases bíblicas que mais me lembram Mami.

Sua maneira de lidar com a vida e seus desafios são um exemplo pra todos nós.
Sua gratidão contínua a Deus, sua fé e seu amor, traduzidos em serviço, doação e sacrifício são o melhor testemunho que um neto poderia ter. 
Sua vida é uma grande pregação do evangelho, porque é a vivência diária das boas novas do Pai a todos os que a rodeiam.

Apesar de estarmos comemorando e agradecendo a Deus pelos 95 anos de Mami, fico feliz em ter uma vó moleca, que deixa muito jovem carrancudo pra trás.

A alegria presente, a ironia em qualquer comentário, o dom de não se levar a sério demais, fazem com que os momentos com ela sejam sempre leves, gostosos e às vezes, imprevisíveis.

Mami, que gosta tanto de charadas, matou facilmente aquela que mais intriga os homens: a própria vida.

Do seu neto que muito a ama,

Artur Barbosa

* Mami é como é carinhosamente chamada minha avó paterna.

Sobre o Sacerdócio Universal dos Santos

Aproveitando o fato de a IPG ter escolhido como tema para este ano (2009) o sacerdócio universal, e de estarmos estudando, mês a mês, variados aspectos deste, gostaria de tentar contribuir com uma sugestão de reflexão.
Tenho percebido que apesar de o tema ser objeto de pregação, há um aspecto dele que talvez pudesse ser abordado de forma mais específica.
Um grande empecilho ao desenvolvimento do sacerdócio universal é a diferença que boa parte das pessoas faz entre os pastores e os "membros comuns", o conceito de autoridade espiritual. Enquanto for cultivada essa gradação de santidade, fica bastante difícil se chegar a um relacionamento maduro e independente com Deus.
Os membros do conselho, todos igualmente presbíteros, têm o enorme privilégio e a alegria de estar numa posição em que as oportunidades de servir, de ajudar àqueles que passam por dificuldades, são muitas, e praticamente diárias - sejam essas dificuldades espirituais, físicas, psicológicas, materiais ou de relacionamento. Como bem sabemos, a autoridade vem como fruto desse serviço, assim como do espírito humilde, da coerência, da anulação, mais do que da imposição de mãos.
Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir... Marcos 10:45 e Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve. Lucas 22: 24-27
Enquanto houver uma excessiva dependência espiritual em relação aos pastores, ao invés de possuir uma opinião própria, formada a partir do relacionamento pessoal com Cristo, numa relação autônoma, sem fiadores, que cresce e amadurece dando seus próprios passos na caminhada da fé, o crente estará sempre como recebedor, passivo, e nunca como sacerdote.
A visão dos pastores como especiais induz à acomodação e à dependência espiritual, terceirizando-se o relacionamento profundo com Deus, e se contentando com a superficialidade de uma fé acrítica, insegura e pouco transformadora. A dependência espiritual se alimenta de respostas prontas, taxativas, dogmáticas, mesmo em se tratando de assuntos nos quais que a sabedoria divina preferiu o mistério, escolheu não nos ser clara. O crente se sente "seguro", mas sua fé não foi forjada no fogo do relacionamento e da experiência pessoal com Cristo, e sim fincada na areia, podendo ser abalada ao menor sinal de ventania.
O caráter autônomo da fé do cristão, sendo ele mesmo o responsável pelo desenvolvimento de sua relação com Deus, conduzido pelo Consolador, deveria ser estimulado. Neste sentido, as palavras, quando acompanhadas ou precedidas por gestos e ações, costumam ser bem mais efetivas, transformadoras, como bem nos mostra o Senhor Jesus ao longo do seu ministério. Desse modo, gostaria de deixar a sugestão de alguns gestos simples, mas que talvez possam ajudar a inibir a acomodação e o endeusamento natural direcionado aos pastores, além de estimular a busca pela vivência do sacerdócio universal proposto por Cristo:
- Trazer de volta os presbíteros ao púlpito - Não me refiro apenas ao assento no altar, mas a uma efetiva participação na liturgia, através de orações, leituras bíblicas, condução de determinados momentos, exortações, avisos e comunicados do conselho e da igreja e, sobretudo, pregações. Entendo que este último ponto seria o de maior impacto para a proposta do sacerdócio universal, pois faria com que aqueles que dividem os crentes em pastores e não-pastores, ao verem um presbítero pregando, se enxerguem ali, pois se trata de uma pessoa (segundo o seu conceito equivocado) "normal", igual a ele. Essa nova percepção da realidade causaria um santo incômodo nesse irmão, confrontando sua vida espiritual com a real proposta de Cristo para ela. Ele verá que pode não estar desenvolvendo todo o potencial que o Senhor lhe deu;
- Uma outra maneira de fazer os membros da igreja perceberem a proposta cristã do sacerdócio universal, seria colocando membros "comuns" (presbíteros, diáconos, nossas queridas e dedicadas irmãs, entre outros) como líderes espirituais de eventos da igreja, desde pequenos até grandes, de acampamentos até encontros de jovens. Tal ação teria um efeito extraordinário na vida de muitos irmãos, pois tanto o sacerdócio universal seria visto na prática, quanto à noção de humildade e serviço seria exercitada quando o irmão observasse os pastores se alegrando com um irmão "comum" como líder espiritual daquele evento, e servindo na planície como um membro normal;
 - Estimular na liturgia do culto coletivo a participação de fiéis através da oração pública, como se fazia antigamente.
Um forte abraço a todos,
Artur Leonardo Gueiros Barbosa

P.S.: Após haver escrito esse email, esbarrei na internet com um texto do Pastor Ariovaldo Ramos, o qual enriquece o assunto tratado acima; o artigo foi colocado abaixo.
Os trechos em negrito são grifos meus.
Autoridade espiritual
Fala-se muito, nos dias de hoje, sobre autoridade espiritual; alguns há que creditam tanto sua pretensa autoridade que a oferecem como "cobertura" para outros. Mas qual é a nossa autoridade para pastorear as ovelhas de Cristo? Entendo que a forma mais segura de responder a essa questão é observar Jesus Cristo concedendo essa autoridade para alguém.
Pedro, o apóstolo é o nosso homem. Jesus avisara a seu discípulo que Satanás pedira para cirandá-lo, para peneirá-lo como se faz com o trigo quando de separá-lo das impurezas e que Cristo havia rogado por ele para que sua fé não desfalecesse (Mc 14.27-31). É interessante Satanás se oferecendo para tirar de Pedro todas as impurezas, ele devia pensar que só encontraria impurezas e nenhum trigo. Bem, Pedro foi peneirado e, embora tivesse dito que estava pronto a morrer por Jesus, que o mestre jamais lhe seria um tropeço, ainda que o fosse para os demais, negou a Jesus Cristo, tal como fora avisado (Mc 14.66-72). Parece que só havia impurezas e nenhum trigo.
Como prometera Cristo ressuscitou ao terceiro dia e, entre as orientações que ultimou de seus anjos, convocou a Pedro para encontrar-se com ele na Galiléia ((Mc 16.7). A convocação foi nominal, não havia como o recalcitrante discípulo entender que não era consigo que o Ressurreto queria conversar. Encontraram-se no lugar combinado e, para surpresa geral, o Senhor, ao invés de aplicar ao moço uma severa advertência, perguntou-lhe se este o amava, por três vezes repetiu-lhe a pergunta, recebendo resposta afirmativa em todos os casos. É verdade que o Mestre, por duas vezes, usou para o verbo amar a palavra de descreve um amor incondicional, e que Pedro, o tempo todo, usou a palavra que descreve amizade, termo que o Salvador também usou na terceira inquirição. Pedro, contra todas as expectativas continuou afirmando que era mais amigo de Cristo que os demais, e, finalmente, chamou como testemunha, em sua defesa, a onisciência de Cristo, reconhecendo-o, implicitamente, como Deus (Jo 21.15-22).
Jesus, surpreendentemente, não contestou a Pedro e, mais, a cada uma de suas respostas comissionou-o, em relação ao seu próprio rebanho, para cuidar, alimentar e guiar as suas ovelhas; após o que ordenou-lhe que o seguisse por onde ele o desejasse. Concedeu-lhe o que hodiernamente é chamado de autoridade espiritual.
Com que autoridade Pedro exerceria o pastorado? Como ele lograria não ser denunciado pelo rebanho como falastrão, mentiroso, covarde e traidor? No que consistia a sua autoridade, afinal?
A autoridade de Pedro consistia em ser um pecador perdoado. Sua autoridade era o seu testemunho.   Ele podia dizer sem medo: - Ele me perdoou e restaurou e pode fazer isso com qualquer ser humano. A autoridade de Pedro consistia no fato de ser ele portador de um milagre, pois, com todas as suas incoerências e inconstâncias ele amava a Jesus. E isto é um milagre, pois, naturalmente, não há quem busque a Deus (Rm 3.11). Ser salvo é voltar a amar a Deus e atingir o ápice da salvação é a amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento. Tem Autoridade Espiritual aquele que pode testemunhar do perdão de seus pecados, de ter sido alvo do milagre de voltar a amar a Deus, e ter passado a seguir a Jesus sem prévias condições.
Alguém poderia objetar: - Se é isso, então qualquer pessoa o pode! Contesto: - E não foi isso que os reformadores quiseram dizer ao ensinar sobre o sacerdócio universal dos santos?
Todos os cristãos podem e todos os cristãos devem.

Obs.: O conteúdo do post foi endereçado (e enviado) inicialmente aos membros do conselho da IPG.

Discurso de Formatura - Culto Ecumênico

Boa noite a todos!

É com muita alegria que eu estou aqui representando a nossa turma num momento tão especial para todos nós.

Ao Deus que tudo criou damos graças!

Pelas nossas vidas, pelas nossas famílias, pelas vitórias que alcançamos e pelo amadurecimento obtido nas vezes em que perdemos.

Em especial nesse momento, damos graças a Deus por nos ter conduzido até aqui, por nos ter dado meios para concluirmos mais esta etapa de nossas vidas.

Por meio dEle, tivemos uma família que nos amou e que nos apoiou durante toda essa caminhada, para que pudéssemos aqui chegar, que nos deu saúde e inteligência para estudarmos e nos desenvolvermos.

Que essa gratidão a Deus seja algo presente em nossas vidas.

Que possamos demonstrá-la com os nossos atos, com a nossa maneira de encarar a vida e os desafios que se nos apresentam.

Vamos, pouco a pouco, começar a ter uma posição de maior influência nas empresas, órgãos públicos, na política, etc.

Começaremos a ter instrumentos e meios eficazes para mudar a situação de injustiça e miséria em nosso país. Nossas possibilidades para mudarmos as coisas serão potencializadas.

Uma ótima oportunidade de agradecer a Deus é agindo de forma coerente com o que sabemos ser o certo.

Não façamos com os outros aquilo que não gostaríamos que fosse feito conosco, pensar apenas em si próprios enquanto há tantos com uma vida miserável ao nosso lado.

Vive-se dizendo que há corrupção nos governos, nas polícias, entre os fiscais, mas não repreendemos aqueles que subornam guardas com o eufemismo de “dar um toco”, não criticamos aqueles que burlam o imposto de renda, que fazem lobby no congresso para que sejam aprovadas leis que beneficiem apenas uma minoria privilegiada em detrimento da maioria mais sofrida do nosso país.

Queremos ver as leis sendo cumpridas nos outros, nunca em nós. Exalta-se a pessoa “esperta”, não a honesta, íntegra e que age de forma coerente com o que diz.

O correto passa a se constranger diante dos errados.

Os papéis se inverteram, como tão bem ilustra o poeta William Butler Yeats, no seu poema "a segunda vinda": Os melhores perdem toda convicção, enquanto os piores estão cheios de intensidade apaixonada.
Estejamos atentos para que daqui a alguns anos, quando mais maduros olharmos para trás, não venhamos a perceber que demos mais importância ao que menos importância merecia, e o que realmente importava tenha sido por nós ignorado.

Saint-Exupéry resumiu numa frase uma verdade preciosa: O importante é invisível aos olhos.

A fé, a família, os amigos, os sentimentos frutos desses relacionamentos devem ser alvo do nosso cuidado e dedicação, pois muitas vezes, sem perceber, os colocamos em segundo plano, dando mais importância às coisas que às pessoas.

Cristo disse: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.

Vamos procurar desenvolver características que fortaleçam esses relacionamentos: a paciência, a humildade, a misericórdia, a lealdade, a justiça, a integridade, a fé, o amor.

Com amor eterno te amei, e com benignidade te atraí.

Essas foram palavras ditas por Deus no livro do profeta Jeremias, no antigo testamento. E que mostra a vontade do Pai de se achegar a nós. Um Deus que quer intimidade conosco.

O próprio Deus também diz no livro do profeta Jeremias: Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.

Estejamos assim, buscando, na nossa vida, agradecer a Deus, não só nesse momento que é, de fato, bastante importante para todos nós, um marco. Mas que possamos estar buscando agradecer com a nossa própria vida, com a nossa própria busca por Ele.

Para que possamos viver tudo isso que Ele representa pra cada um de nós.

Obrigado.


Obs.: Discurso proferido por ocasião da conclusão do curso de Administração pela FCAP/UPE, em julho de 2005.