terça-feira, 3 de maio de 2016

Fé e obras

Da árvore frondosa, de grosso tronco e firme raiz, um ramo despontou, um milagre, um dom, pequeno, frágil, mas cheio de esperança, alimentado, que era, pela seiva. 
Folhas nele nasceram e, no tempo certo, na correta estação, uma fruta brotou, um simples olhar a alguém que alguém nunca se achara. 
Junto a esse fruto primevo outros surgiram - uma mão estendida na hora certa; uma posição, um ato, uma fala, uma indignação, em favor do fraco, da verdade, da justiça, a despeito das consequências; um sacrifício, uma negação, tendo o outro antes de si; um sorriso, um abraço, para quem frieza esperava, uma ajuda a quem não a deduzia -, outras estações vieram, outros frutos, uns mais vistosos, outros mais saborosos, nunca se sabe ou se presume o que ao agricultor mais vai agradar - até porque não os come, antes os doa, apenas se alegra em saber que dele vêm, de sua árvore -, mas é certo que se alegra e sorri com cada um dos que brotam daquele discreto e fino galho, os pequenos, os grandes, os doces e os travosos, os maduros e os ainda verdes, contanto que continuem nascendo, brotando, da sua árvore... 
Os frutos alimentam aos cansados, desesperançados, aflitos, fragilizados, aos, de tudo, famintos; essas frutas são a prova de que o galho existe, pois galho sem fruto galho não é, mas apenas lenha ainda não cortada, é pau morto, nada é, nunca existiu. 
O agricultor se regojiza nos frutos, do ramo, pois sabe que cada um deles, no seu tempo, gera vida, vidas transforma, vidas renova, são uma extensão da árvore que ele tanto ama e que plantou, regou e fez crescer. 
A árvore da vida. 

Nessa árvore meu galho está, e que meu amado agricultor, e sua árvore, me façam sempre, para glória deles e alegria minha, frutificar, e que me ensinem a perceber as estações, e aqueles à minha volta. Que limpem o meu ramo para que frutifique sempre, mais e mais.

Por Artur Gueiros

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